PSD, CDS e PS sofrem pesada derrota
nas eleições da Madeira

CDU conquista maior expressão<br>eleitoral de sempre

Nas elei­ções para a As­sem­bleia Le­gis­la­tiva da Re­gião Au­tó­noma da Ma­deira, que se re­a­li­zaram no do­mingo, 29 de Março, a Co­li­gação PCP/​PEV ob­teve 5,54 por cento dos votos, o que per­mitiu eleger dois de­pu­tados – Edgar Silva e Sílvia Vas­con­celos - e re­con­quistar o seu Grupo Par­la­mentar.

Para Je­ró­nimo de Sousa, o re­sul­tado al­can­çado, con­fir­mando um per­curso de cres­ci­mento e alar­ga­mento de in­fluência re­gis­tado pela CDU em su­ces­sivas elei­ções, «re­pre­senta um factor de con­fi­ança e ânimo para as muitas ba­ta­lhas po­lí­ticas e elei­to­rais a que os tra­ba­lha­dores e o povo serão cha­mados na luta pela rup­tura com a po­lí­tica de di­reita e a cons­trução da al­ter­na­tiva po­lí­tica».

PSD e CDS per­deram 23 mil votos na Ma­deira

«Ven­cendo de­sa­lentos e con­for­mismos que a gra­vi­dade da si­tu­ação so­cial gera, re­sis­tindo a fac­tores de dis­persão de votos, a re­no­vados apelos ba­se­ados no po­pu­lismo e na de­ma­gogia e de ca­na­li­zação in­con­se­quente do des­con­ten­ta­mento em forças po­lí­ticas cri­adas ou ani­madas para esse fim, vendo cen­tenas de votos que lhe per­tencem le­vados por en­gano pela exis­tência de um sím­bolo si­milar no bo­letim de voto, o re­sul­tado da CDU, cons­truído numa in­tensa acção de es­cla­re­ci­mento di­recto com os tra­ba­lha­dores e po­pu­la­ções, re­flecte o en­rai­za­mento po­pular e a iden­ti­fi­cação como força ne­ces­sária e in­subs­ti­tuível na luta por uma vida me­lhor», afirmou, no do­mingo, o Se­cre­tário-geral do PCP, re­a­gindo aos pri­meiros re­sul­tados das elei­ções para a As­sem­bleia Le­gis­la­tiva da Re­gião Au­tó­noma da Ma­deira.

Es­cassa mai­oria

Na Sede Na­ci­onal do PCP, em Lisboa, Je­ró­nimo de Sousa sa­li­entou que a «es­cassa mai­oria al­can­çada pelo PSD» – ainda que longe de vo­ta­ções ob­tidas no pas­sado - «é in­se­pa­rável da ma­nobra cons­truída para, su­por­tada no pro­cesso de dis­puta e mu­dança de li­de­rança do par­tido, es­tancar a pro­gres­siva perda de apoio po­lí­tico e elei­toral que a go­ver­nação de Jardim e PSD-Ma­deira vinha re­gis­tando».

«Ar­re­dadas que sejam as muitas pro­messas em que o PSD-M se des­do­brou – da re­ne­go­ci­ação do PAEF ao mo­delo de trans­porte aéreo, ou à re­ne­go­ci­ação do ser­viço da dí­vida – o que os tra­ba­lha­dores e o povo co­nhecem, por ex­pe­ri­ência pró­pria, é que só com a der­rota do Go­verno PSD/​CDS e a rup­tura com a po­lí­tica de di­reita é pos­sível abrir ca­minho à su­pe­ração dos cons­tran­gi­mentos que a Re­gião en­frenta, de­cor­rentes de anos de go­ver­nação do PSD, in­ten­si­fi­cados com os PEC e os me­mo­rando de en­ten­di­mento que PSD, CDS e PS têm im­posto», afirmou.

Nestas elei­ções, a grande quebra da vo­tação do PSD (15 mil votos) foi acom­pa­nhada pelo CDS.-PP (oito mil votos).

Con­de­nação po­pular

Também o re­sul­tado da co­li­gação «Mu­dança» – menos de me­tade dos votos e a perda de cinco de­pu­tados face ao ob­tido pelo con­junto dos par­tidos que a in­te­gram – cons­ti­tuiu um sig­ni­fi­ca­tivo revés para o PS. «Um re­sul­tado que, para lá do que a junção da­queles par­tidos re­pre­sen­tava, de au­sência de qual­quer cre­di­bi­li­dade que lhe pu­desse ser re­co­nhe­cida, é es­sen­ci­al­mente a con­de­nação de um per­curso mar­cado por anos de con­cre­ti­zação da po­lí­tica de di­reita, de in­teira cum­pli­ci­dade com o PSD e o CDS-PP no pro­lon­ga­mento à Re­gião das po­lí­ticas dos PEC e do pacto de agressão subs­crito com a troika», cri­ticou o Se­cre­tário-geral do PCP.


Dar força à luta

O Se­cre­tário-geral do PCP re­a­firmou o com­pro­misso do Par­tido com a de­fesa dos in­te­resses po­pu­lares, pela efec­ti­vação dos di­reitos, contra a ex­plo­ração e as in­jus­tiças.

«Hoje, como amanhã, os tra­ba­lha­dores e o povo da Re­gião Au­tó­noma da Ma­deira sabem que podem contar com o PCP, sabem que têm ga­ran­tido que o apoio e con­fi­ança que em nós de­po­si­taram será in­te­gral­mente res­pei­tada, sabem que o seu voto en­gros­sará a exi­gência de uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, que con­tará sempre para dar força à luta por um Por­tugal de­sen­vol­vido e so­be­rano», afi­ançou.


Re­sul­tado his­tó­rico

No do­mingo à noite, na Sede do PCP do Fun­chal, Edgar Silva con­gra­tulou-se com o re­sul­tado «his­tó­rico» da Co­li­gação PCP/​PEV, que é «de­ter­mi­nante» para o fu­turo do ar­qui­pé­lago. «A CDU, além de ter re­con­quis­tado o seu Grupo Par­la­mentar e de ter dado a tanta gente o di­reito à es­pe­rança, tem aqui as­pectos de­ter­mi­nantes para o fu­turo po­lí­tico da Re­gião», re­feriu.

Também o Par­tido Eco­lo­gista «Os Verdes» (PEV) con­si­derou que os re­sul­tados al­can­çados são «fruto do tra­balho em­pe­nhado e de­di­cado dos eleitos e ac­ti­vistas da CDU em prol da de­fesa dos tra­ba­lha­dores e dos ci­da­dãos, no com­bate ao em­po­bre­ci­mento, aos crimes e de­gra­dação am­bi­ental que hi­po­tecam esta Re­gião».

CDU exige ver­dade elei­toral

A CDU ficou a cinco votos de eleger um ter­ceiro de­pu­tado, o que re­ti­raria a mai­oria ab­so­luta ao PSD no Par­la­mento Re­gi­onal. De acordo com dados da se­cre­taria-geral do Mi­nis­tério da Ad­mi­nis­tração In­terna (MAI), foram con­ta­bi­li­zados 4353 votos nulos e 1113 votos em branco. «Dentro dos votos nulos, muitos são da CDU», pre­cisou o MAI.

An­te­ontem de­pois de a as­sem­bleia geral de apu­ra­mento ter ana­li­sado os votos, foi afi­xado um edital em que o PSD per­deria um de­pu­tado em be­ne­fício da CDU. No en­tanto, menos de duas horas de­pois, foi ale­gado que os votos de Porto Santo não ti­nham sido con­ta­bi­li­zados, por erro in­for­má­tico. O PCP re­correu ao Tri­bunal Cons­ti­tu­ci­onal face às ir­re­gu­la­ri­dades de­tec­tadas no pro­cesso de apu­ra­mento.




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